segunda-feira, janeiro 14

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

A Psicopedagogia surgiu na Europa, no século XIX, mais precisamente na França, como um movimento de colaboração entre educadores, filósofos e médicos, em busca de uma solução para os problemas de aprendizagem. Seus precursores, os seguidores do psicanalista Jacques Lacan: Itard, Pereire, Pestalozzi e Seguin imprimiram às concepções psicanalíticas para compreender as dificuldades de aprendizagem sob a perspectiva da subjetividade; Maud Mannoni, Françoise Dolto, George Mauco, Janine Mery, Pierre Vayer e Maurice Debessem deram suas contribuições para a estruturação da Psicopedagogia Clínica. Dentre os citados, destacou-se Françoise Mery, psicopedagoga e autora francesa, que adotou o termo pedagogia curativa para designar uma ação terapêutica que considera aspectos pedagógicos e psicopedagógicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar (MALUF, 2007).

A Psicopedagogia já nasceu intercambiando saberes, a primeira equipe médico-pedagógica foi formada pelo educador Edouard Seguin e pelo médico psiquiatra Jean Etienne-Dominique Esqueirol, a partir da qual a neuropsiquiatria infantil passou a se ocupar de problemas neurológicos que afetam a aprendizagem. (grifo nosso).

Somente em 1940 a Psicopedagogia chegou à América Latina, a pioneira foi uma professora européia, Arminda Aberastury, que introduziu a Psicopedagogia como uma disciplina na recém Facultad de Psicologia da Universidad Del Salvador, em Buenos Aires. Em 1956, na Argentina, a Psicopedagogia torna-se um curso de graduação, com duração de três anos.

No Brasil, o atendimento escolar a pessoas com deficiência teve início em 1854. Na época Dom Pedro II, o imperador, fundou a primeira escola para cegos, conhecida atualmente como Instituto Benjamin Constant. Nos anos 70 foram criados diversos programas de reabilitação, inclusive apareceram os primeiros profissionais formalmente especializados na educação de crianças com dificuldade de aprendizagem, os professores das classes especiais.

O movimento de especialização para atender convenientemente aos então chamados de alunos deficientes, tanto físicas como mentais, forçou a cristalização e evidencia desses sujeitos, pois, evidenciava as diferenças entre os indivíduos e focavam-se as incapacidades e dificuldades. Surgiu então a necessidade de um modelo de diagnóstico e tratamento terapêutico aos estudantes com dificuldades de aprendizagem. Também, as chamadas classes especiais eram separadas das classes regulares freqüentadas pelas crianças ditas ‘normais’, o que acirrou mais ainda a diferenciação discriminatória entre os estudantes não só do ponto de vista físico, mas também biológico e sociológico.

As mudanças só ocorreram entre as décadas de 1970 e 1980, quando o reconhecimento aos resultados deficitários da Educação Especial, as políticas e práticas em educação foram modificadas. A inserção dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) nos sistemas regulares de ensino, integrou e facilitou a convivência social menos restritiva e consequentemente, oportunidades educacionais mais amplas, surgiu então, a Educação Inclusiva, hoje amparada por lei.

Uma das mudanças significativas em relação à Educação Especial foi a adoção de concepção humanista da deficiência, a substituição do enfoque puramente biológico de avaliação e intervenção, por uma visão mais abrangente, com dimensões sociais e educativas.

A partir de 1985 a Psicopedagogia evoluiu na compreensão da aprendizagem como produto para a visão da aprendizagem como processo, o qual se constitui na construção do conhecimento. Passou a ser considerada um saber independente e transdisciplinar, pois, conceitua a aprendizagem e suas dificuldades com base em uma inserção das contribuições das diferentes áreas, para as quais também contribui com o seu saber.
Fonte:
JULIÃO, Laurinda Sousa. Possiveis contribuições da psicopedagogia no processo de reabilitação de funções cognitivas. 2007.57f. Monografia(Especialização)Curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional. Universidade Estadual da Bahia -UNEB.

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